VAMS® nas Análises Metabolólicas em Urina por Dra. Marina Amaral

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VAMS® nas Análises Metabolólicas em Urina por Dra. Marina Amaral

Entrevista com a Dra. Marina Amaral

Hoje temos o prazer de conversar com a Professora Marina Amaral, especialista em Metabolômica e Lipidômica aplicadas à medicina de sistemas. Nesta entrevista, ela compartilha sua visão sobre os avanços que estão revolucionando a medicina personalizada por meio da compreensão dos perfis metabólicos em diferentes estados de saúde e doença.

Professora Adjunta no Instituto de Pesquisa de Produtos Naturais Walter Mors (IPPN/UFRJ), Marina é farmacêutica pela UFRJ, com mestrado e doutorado em Química Medicinal. Sua trajetória inclui atuação no renomado LADETEC, onde aprofundou pesquisas em Cromatografia, Espectrometria de Massas e Metabolômica, com aplicações que vão do controle de dopagem à investigação de biomarcadores.

Professora, primeiramente quero agradecer por compartilhar um pouco do seu trabalho e tempo, para nós é uma honra realizar esta entrevista.

[Allcrom]

Quando foi que vocês começaram a utilizar o Dispositivo Mitra®?

[Dra. Marina]

Minha primeira interação com esse tipo de Dispositivo foi durante o meu pós-doutorado, que eu realizei no grupo do professor Matej Uresic e do Alex Dickens, na Finlândia, digamos assim, em uma startup que trabalha especificamente na área de metabolômica. Lá eles já estavam se envolvendo com alguns estudos interlaboratoriais entre diferentes grupos europeus e que, para viabilizar a transferência de amostra entre os laboratórios, a gente sabe que acaba que o custo do transporte com gelo seco, por exemplo, é caríssimo.

Rapidamente eles começaram a viabilizar alternativas para esse tipo de transporte, foi aí que o Dispositivo Mitra® apareceu e que eu tive esse meu primeiro contato. Eu diria que foi lá em torno do finalzinho de 2020, comecinho de 2021. E quando eu retornei do meu pós-doutorado, e iniciei essa nova posição como professora aqui da Universidade Federal da Rio de Janeiro, e quando eu estava escrevendo os meus primeiros projetos, isso também foi uma preocupação, que eu ponderei na escrita dos meus projetos, e assim que eu comecei a ter aprovação, foi um ponto da etapa inicial que eu fiz questão de implementar no meu laboratório.

[Allcrom]

Perfeito. Já na universidade, professora, qual é o seu projeto principal com o Dispositivo Mitra®?

[Dra. Marina]

Eu sou uma recém-docente na universidade, na UFRJ, portanto os meus projetos ainda estão em uma escala piloto. Então, em um dos meus primeiros projetos eu já tinha iniciado essa parceria, quando ainda estava no meu pós-doutorado, na Finlândia. Foi uma parceria com o Instituto de Pediatria aqui da Universidade, que visa analisar amostras de urina, entre outras matrizes, mas a que cabe ao contexto do Mitra® seria amostra de urina de pacientes que têm um tipo de erro inato do metabolismo chamado Glicogenose.

Este projeto visa compreender todo o desbalanço metabólico que esses pacientes têm e propõe avaliar como a dietoterapia pode ser monitorada ao longo do tempo com o auxílio do Dispositivo Mitra® com esses pacientes, depois de ter estabelecido o que seria uma condição normal (claro que eu estou falando de estabelecendo um projeto que envolve um grande número de profissionais, entre outros, professores, alunos, também médicos, é toda uma equipe multidisciplinar que está trabalhando em conjunto). Então, em breve, quando nós conseguirmos compreender melhor como que esses desbalanços metabólicos dos pacientes podem ser controlados, eles poderão ao longo do tempo, até na sua própria casa, fazer a coleta dessas amostras de urina e nos enviar, para juntos da equipe médica, fazermos o controle metabólico desses pacientes.

[Allcrom]

A coleta em casa deve favorecer consideravelmente até mesmo a frequência dessa análise.

[Dra. Marina]

Com certeza.

[Allcrom]

Bom, sobre a coleta da amostra, inicialmente a urina é depositada no frasco de coleta, depois é coletada a amostra deste frasco, certo? Essa fase é feita em algum laboratório, é feita direto pelas pessoas que estão participando desse estudo, como que tem funcionado para vocês?

[Dra. Marina]

Sim. Por ser um estudo, digamos piloto, ainda não é possível chegar em uma etapa que permita já ter validado não só a coleta, como também o transporte dessas amostras utilizando o amostrador Mitra® pelos pacientes até o meu laboratório. Então há uma cascata de etapas que precisam estar estabelecidas para que isso aconteça. Sendo assim, nesta etapa do projeto, os pacientes levam para o hospital essa amostra de urina em um frasco tradicional de coleta que foi coletada em casa, e no laboratório é realizada essa amostragem utilizando o Cartucho. Seguido disso ocorre a reprodução de como teria sido essa coleta se fosse feita em casa.

[Allcrom]

E você consegue me explicar se essa coleta direta da amostra da urina foi descomplicada para vocês? Como foi todo o processo?

[Dra. Marina]

Foi bem simples. Nós reproduzimos o que a literatura já largamente utiliza para amostras de sangue. Então, reproduzimos de uma forma bem simples para a amostragem de urina.

Não tivemos nenhum problema nessa etapa de adsorção da matriz e nem posteriormente na etapa de secagem de amostra, e na extração dela foi um processo que já é largamente descrito na literatura, foi facilmente reproduzido, reprodutível.

[Allcrom]

Perfeito. Quais análises que vocês realizaram com essas amostras coletadas com Dispositivo Mitra®?

[Dra. Marina]

Após a etapa de coleta e extração, realizamos uma estratégia de análise chamada de metabolômica, onde é feita a detecção abrangente de metabólitos, chegando a centenas de milhares de metabólitos de uma única vez em poucos minutos. Sendo uma análise bem abrangente. E com isso tentamos correlacionar, fazendo uma análise comparativa entre as amostras dos grupos de controle que são de pessoas saudáveis, com a análise dos pacientes envolvidos nesse estudo, visando descobrir ou propor um biomarcador para o diagnóstico dessa doença.

Uma grande vantagem dessa estratégia de análise é essa, que em poucos minutos nós temos uma análise abrangente de centenas de milhares de metabólitos.

[Allcrom]

Há outras vantagens que você gostaria de mencionar?

[Dra. Marina]

Uma das maiores vantagens está na etapa de coleta de amostras e transporte, porque é um grande benefício não entrar na dependência do gelo seco para fazer transporte de amostras e, ter um Dispositivo que em temperatura ambiente oferece estabilidade desses metabólitos que estão sendo detectados, quantificados ou analisados. Então, isso permite um transporte rápido, e um Dispositivo que pode ser colocado em um envelope e enviado pelos correios.

Os pacientes podem fazer esse transporte de forma rápida e prática, e nós temos a confiança de que os metabólitos não vão sofrer nenhum tipo de degradação ao longo desse processo. Então, considero que essa é uma das maiores vantagens do Dispositivo, além de permitir uma análise quantitativa.

[Allcrom]

Vocês chegaram a fazer análise comparativa entre coleta tradicional e coleta com o Dispositivo Mitra®?

[Dra. Marina]

Sim, chegamos a comparar. O nosso primeiro teste foi de uma análise comparativa de metabólitos coletados pelo método tradicional e coletados pelo Mitra®, onde conseguimos observar que o Dispositivo tem uma capacidade de adsorção bem abrangente dos metabólitos, adsorvendo metabólitos desde os polares aos de média polaridades. Não cheguei a olhar na classe dos lipídios ainda, mas conseguimos observar uma variedade muito ampla de metabólitos e uma correlação muito grande entre as análises com o uso do Dispositivo e sem o uso do Dispositivo.

Então, isso nos deu muita segurança para aplicá-lo na análise por metabólica.

[Allcrom]

Se você puder falar um pouco mais sobre o monitoramento da urina para auxiliar no diagnóstico e o acompanhamento desses pacientes com Glicogenose, por favor, será um prazer ouvi-la.

[Dra. Marina]

Nós ainda estamos na etapa de processamento desses dados, já fizemos a parte de extração, de injeção das amostras no equipamento de LC-MS, estamos andando agora com a etapa de análise estatística multivariada para, justamente, compreender as diferenças em termos de metabólitos encontrados, que são específicos desse grupo de pacientes, e a partir disso propor um biomarcador. E a vantagem de usar a urina é por ela ser uma amostra não invasiva.

Se nós levarmos em consideração que estamos trabalhando com pacientes que são, em sua maioria, bebês, crianças, isso é uma vantagem enorme. Quem é mãe, os pais, sabem a dificuldade que é fazer uma coleta de sangue em bebês e crianças. Então trazer diagnóstico utilizando uma matriz com a urina, traz um ganho enorme, uma vantagem enorme para esse tipo de análise, de diagnóstico. Permite também que até cidadezinhas do interior que não tenham uma grande infraestrutura consigam fazer a transferência dessas amostras para grandes centros de pesquisa de uma forma bem simples e com maior segurança.

[Allcrom]

Certo. Hoje, os participantes que vocês pegaram a urina são mais concentrados no Rio, tem algum mais longe?

[Dra Marina]

Todos são do Rio de Janeiro, porque o Hospital de Pediatria é vinculado à Universidade do Rio de Janeiro, então ele atende ao centro de referência na realidade de erros inatos de metabolismo aqui do estado do Rio.

[Allcrom]

Você conseguiu passar para gente que o Dispositivo contribui com a personalização e ajuste no tratamento, conforme ele está em andamento, mas acredito que um pouco mais para frente vocês vão ter resultados um pouco mais definidos.

[Dra. Marina]

Exatamente. E aí vai ser importante essa interação com os médicos, como podem levar todos esses resultados encontrados para os pacientes. Vamos precisar de uma maior interação entre os médicos e pacientes nessa terceira etapa.

[Allcrom]

Neste momento o projeto está em uma fase, vamos dizer que ainda inicial. Porém, mais para frente, quando concluir essa análise e chegar nos médicos, vocês têm intenção de ampliação desse projeto ou outro projeto em vista?

[Dra. Marina]

Com certeza. Eu falei aqui de um grupo de pacientes e também da aplicação do Dispositivo em distúrbios metabólicos com cunho genético, mas estamos cada vez mais interagindo com outros hospitais, inicialmente do estado do Rio de Janeiro, visando a aplicação do próprio Dispositivo em outros projetos que a gente tem estudado, que envolvam diferentes funções metabólicas e que o Dispositivo Mitra® se encaixaria perfeitamente nessa etapa de coleta de amostras não só de urina, como de sangue também. Então, a gente pensa em levar essa aplicação para outros projetos também.

[Allcrom]

Qual técnica analítica vocês estão usando para realizar as análises?

[Dra. Marina]

Espectrometria de massas. Usamos a análise por metabolômica por espectrometria de massas, que tem uma maior sensibilidade para detectar não só metabólitos em alta concentração, como em baixa concentração também. E avaliar quais metabólitos são mais responsáveis pela diferenciação dos grupos de controle e com uma determinada doença. Essa é uma grande vantagem da técnica.

[Allcrom]

Perfeito. E tem mais algum ponto que você queira adicionar sobre o uso do Dispositivo, o próprio estudo?

[Dra. Marina]

A principal vantagem que eu vejo do Mitra® é essa, é um Dispositivo que nos permite ter uma maior segurança nessa etapa de transporte de amostras biológicas, escapar do gelo seco. Então isso diminui bastante o custo dos nossos projetos e se torna mais real, mais palpável no sentido de conseguir entregar uma amostra para um paciente independentemente de onde ele esteja. Aqui eu estou falando no contexto do Rio de Janeiro, mas, com certeza, eu sonho em mandar esse Dispositivo para o interior do Brasil e receber amostras. Conseguir cada vez mais trabalhar em parceria com o SUS e conseguir alcançar o interior do nosso país, que a gente sabe que as condições são bem diferentes da realidade que eu tenho aqui no Rio de Janeiro.

Então é tornar real, tornar aplicável algo que eu esteja estudando no meu laboratório.

[Allcrom]

Qual que é a porcentagem de crianças diagnosticadas com glicogenose no Brasil?

[Dra. Marina]

O diagnóstico da Glicogenoses é difícil de ser realizado e, para ser contabilizado ainda depende de ser colocado no Sistema de Vigilância em Saúde, então é difícil saber o quão reais e representativas são as estimativas. Por isso estamos trabalhando para trazer mais informação e conhecimento à população para que haja um diagnóstico preciso e maiores chances de tratamento.

[Allcrom]

Dra. Marina, muito obrigada por nos trazer informações e insights tão relevantes sobre a sua carreira e como o Dispositivo Mitra vêm auxiliando suas pesquisas em Metabolômica!

[Dra. Marina]

Foi um prazer, em dois grandes momentos do meu início de carreira a Allcrom esteve ao meu lado, me apoiando então eu quem agradeço pela parceria.

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